segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Nómada mental

no deserto pairam aves
em busca do meu corpo decomposto
que mora numa cave fechada
a mil chaves e nunca por mim foi descoberto.

já percorreu aprisionado
mil oceanos, deu à costa em vários mares,
afogou-se no sal das águas
e morou em silêncio nos corais.

correu estradas
bosques, viu homens e animais
viu crianças e parou
num país à beira mar.

agora escreve no frio
do prédio no sexto andar,
morreu ou estará vivo
o meu corpo, triste, sombrio.

Joaquim Salgueiro