Passa ao lado
da moradia a rapariga
com as calças bem em cima
na margem do seu rio,
olhem as mãos já calejadas
tão preenchidas
de roupa como de tristeza,
mete roupa, tira roupa...
e lá fica ela a secar,
veste o fato e vai embora,
não a menina,
o outro que com ela estava,
dono da roupa.
Menina que passas
não te faças de despercebida,
és escrava rapariga,
mulher?, só quando
estiveres nos bordeis,
por agora vais-te mantendo
nas margens do teu rio
que em vez de água
traz doenças,
quem sabe lixo.
Joaquim Salgueiro
terça-feira, 28 de julho de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Agradecimento.
Perdi horas
a tentar perceber-me
por dentro,
sem conclusão alguma,
esperança inexistente
de me encontrar
perdido, à deriva
vagueando aqui, ali,
subindo a vida
(ou será ela que
sobe por mim acima?)
e atirando-me ao
chão me rendo.
Por isso em casa,
à frente da lareira,
entre um café e um cigarro,
entre um olhar e um rasgo
de visionário
observo o espelho
e depois do nada aparente,
estou em ti morando,
sorrindo, chorando.
Já que na realidade nunca daí saí,
para quê mudar?
Outro café, outro cigarro,
a vida corre e agora
estamos eu, tu
a lareir, as folhas
lá fora ao vento,
uma casa, o nada,
o mundo.
Do vazio se fez este mundo,
obrigado meu amor.
Joaquim Salgueiro
a tentar perceber-me
por dentro,
sem conclusão alguma,
esperança inexistente
de me encontrar
perdido, à deriva
vagueando aqui, ali,
subindo a vida
(ou será ela que
sobe por mim acima?)
e atirando-me ao
chão me rendo.
Por isso em casa,
à frente da lareira,
entre um café e um cigarro,
entre um olhar e um rasgo
de visionário
observo o espelho
e depois do nada aparente,
estou em ti morando,
sorrindo, chorando.
Já que na realidade nunca daí saí,
para quê mudar?
Outro café, outro cigarro,
a vida corre e agora
estamos eu, tu
a lareir, as folhas
lá fora ao vento,
uma casa, o nada,
o mundo.
Do vazio se fez este mundo,
obrigado meu amor.
Joaquim Salgueiro
Saudade.
Recordo entre os teus beijos,
(foram tantos,
muitos outros virão)
o primeiro,
como que em jeito
de reclamação
reivindicar o que é demais
para mim necessário.
És um suspiro
ou um grito de alívio,
não sei bem,
no entanto
eu te preciso
e portanto te eternizo
com palavras vindas
do fundo de interior nunca antes calcado
e por isso,
de certo modo apavorado,
mantenho-me preocupado
com o que apenas te direi.
Será demais?
Nunca, penso eu,
amar-te-ei hoje,
para sempre
e quem sabe,
talvez depois.
Joaquim Salgueiro
(foram tantos,
muitos outros virão)
o primeiro,
como que em jeito
de reclamação
reivindicar o que é demais
para mim necessário.
És um suspiro
ou um grito de alívio,
não sei bem,
no entanto
eu te preciso
e portanto te eternizo
com palavras vindas
do fundo de interior nunca antes calcado
e por isso,
de certo modo apavorado,
mantenho-me preocupado
com o que apenas te direi.
Será demais?
Nunca, penso eu,
amar-te-ei hoje,
para sempre
e quem sabe,
talvez depois.
Joaquim Salgueiro
Entre um sorriso e uma lágrima.
Poetizo o que
sinto para não parar,
para não pensar,
até porque
já deixei de me ver
há muito,
mais que muito
tempo,
e agora encontro-me
em ti, olhando
bem por dentro
de tudo o que poderia
ser chamado de alma.
Verdade,
serei eu clone
ou escravo?
Não importa na realidade
estou voluntariamente algemado
e o cérebro paralisado,
qual mente,
coração apenas, só teu
teu e para sempre!
Joaquim Salgueiro
sinto para não parar,
para não pensar,
até porque
já deixei de me ver
há muito,
mais que muito
tempo,
e agora encontro-me
em ti, olhando
bem por dentro
de tudo o que poderia
ser chamado de alma.
Verdade,
serei eu clone
ou escravo?
Não importa na realidade
estou voluntariamente algemado
e o cérebro paralisado,
qual mente,
coração apenas, só teu
teu e para sempre!
Joaquim Salgueiro
certezas
Saberei sempre
o que escrevi para ti,
sempre o que quis dizer
e dir-te-ei sempre
o meu amor
paixão por paixão,
cada dia diferente
tal o tamanho
do crescente sentimento.
Nunca me esquecerei
de um beijo
ou carinho
numa casa onde
nunca sozinho,
fui maravilhosamente
conduzido
algures para além do espaço
e voltei,
contigo a meu lado,
ao teu sorriso
(Admito)
meu eterno paraíso.
Não fosse o amor eterno,
que tentasse!
mudaria tal fado
e seria o revolucionário,
por tua causa,
caderno do meu ser
Diário do meu viver.
Joaquim Salgueiro
o que escrevi para ti,
sempre o que quis dizer
e dir-te-ei sempre
o meu amor
paixão por paixão,
cada dia diferente
tal o tamanho
do crescente sentimento.
Nunca me esquecerei
de um beijo
ou carinho
numa casa onde
nunca sozinho,
fui maravilhosamente
conduzido
algures para além do espaço
e voltei,
contigo a meu lado,
ao teu sorriso
(Admito)
meu eterno paraíso.
Não fosse o amor eterno,
que tentasse!
mudaria tal fado
e seria o revolucionário,
por tua causa,
caderno do meu ser
Diário do meu viver.
Joaquim Salgueiro
Desejo.
A permanência do teu
ser apodera-se
de mim,
por mais que queira
quero sempre mais,
e o teu cheiro
permanece
assim como o sussurro,
beijo surdo
ou olhar mudo
fogo de vista
que arde mas não vê,
amanhã talvez
te possa conhecer uma e outra vez,
de vez em quando
tocar o prazer
e por fim eternizar
o teu ser
numa simples folha de papel.
Joaquim Salgueiro
ser apodera-se
de mim,
por mais que queira
quero sempre mais,
e o teu cheiro
permanece
assim como o sussurro,
beijo surdo
ou olhar mudo
fogo de vista
que arde mas não vê,
amanhã talvez
te possa conhecer uma e outra vez,
de vez em quando
tocar o prazer
e por fim eternizar
o teu ser
numa simples folha de papel.
Joaquim Salgueiro
sábado, 18 de julho de 2009
Diário do nosso amor. (5ª folha)
"Meu amor,
Sinto que escrever esta folha é demais previsível ou vulgar, não te quero escrever todos os dias, para poder com isso tornar alguns especiais, mas admito, tal fraqueza a minha que não consigo parar de escrever para ti quando as lágrimas me escorrem a face. Não sei se é tristeza ou felicidade, sei que é amor. Sei que é saudade. Ainda não parti numa tão curta jornada e já agora sinto a tua falta, o teu cabelo, a tua face, os teus lábios ou o delicioso toque da tua mão. Será isto demasiada paixão? Prometi para mim que nunca seria dependente de ninguém, a verdade é que nesse aspecto sinto-me um mentiroso incumpridor que quebra palavras e códigos de (talvez) conduta por amor, mas será errado a uma pessoa confiar a nossa alma? Surge-me agora esta dúvida e tenho que admitir, a ti nunca será um erro dar a minha paixão e de certeza que posso afirmar, entrego-te a chave da minha vida como se fosse mais um beijo, seguro e sentido, sem nada que uma outra intenção possa estar envolvida. Entrego-me meu amor. Admito também que pensei antes de quebrar tal promessa pensava que depêndencia significava aprisionamento. Outra vez estava errado e quando o falava era um mentiroso pervertido. (Só espero não me tornar um viciado doentio) Sei agora que tu me abriste a jaula e, pura e imaculada, apareceste tal santa iluminada, guiando seguidor à vida. Sim, eu vivo contigo. Vivo em ti meu amor.
Peço desculpa pelo desabafo em forma de diário publico-privado, mas se não me confessasse a ti, a quem mais me iria confessar? Sinceramente e com todas as forças, é muito mais do que alguém possa tentar explicar.
Teu,
Joaquim Salgueiro"
Sinto que escrever esta folha é demais previsível ou vulgar, não te quero escrever todos os dias, para poder com isso tornar alguns especiais, mas admito, tal fraqueza a minha que não consigo parar de escrever para ti quando as lágrimas me escorrem a face. Não sei se é tristeza ou felicidade, sei que é amor. Sei que é saudade. Ainda não parti numa tão curta jornada e já agora sinto a tua falta, o teu cabelo, a tua face, os teus lábios ou o delicioso toque da tua mão. Será isto demasiada paixão? Prometi para mim que nunca seria dependente de ninguém, a verdade é que nesse aspecto sinto-me um mentiroso incumpridor que quebra palavras e códigos de (talvez) conduta por amor, mas será errado a uma pessoa confiar a nossa alma? Surge-me agora esta dúvida e tenho que admitir, a ti nunca será um erro dar a minha paixão e de certeza que posso afirmar, entrego-te a chave da minha vida como se fosse mais um beijo, seguro e sentido, sem nada que uma outra intenção possa estar envolvida. Entrego-me meu amor. Admito também que pensei antes de quebrar tal promessa pensava que depêndencia significava aprisionamento. Outra vez estava errado e quando o falava era um mentiroso pervertido. (Só espero não me tornar um viciado doentio) Sei agora que tu me abriste a jaula e, pura e imaculada, apareceste tal santa iluminada, guiando seguidor à vida. Sim, eu vivo contigo. Vivo em ti meu amor.
Peço desculpa pelo desabafo em forma de diário publico-privado, mas se não me confessasse a ti, a quem mais me iria confessar? Sinceramente e com todas as forças, é muito mais do que alguém possa tentar explicar.
Teu,
Joaquim Salgueiro"
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Diário do nosso amor. (4ª folha)
"Meu amor,
Há certamente muito tempo que penso em ti. Há certamente muita coisa que digo e com certeza tanta que fica por dizer. A verdade é que quando não há palavras, não deveríamos inventar e pensar que isso é melhor do que um silêncio apaixonado ou que um beijo necessário num momento de amor. Apesar de isto ser verdade, também o é que se não te escrevesse não saberias tão bem a importância que um amo-te pode ter, ou se calhar até saberias. Assim sabe-lo melhor. E não me arrependo de inventar palavras novas para tentar descrever um sentimento inexplicável, nem que passe a minha vida toda assim. Também temos a vida toda, não é assim? Mas não me importo de ir tentando, talvez um dia atinja o que ninguém atingiu antes de mim consiga descrever o indescritível. Posso afirmar com certezas que esta carta, este diário do nosso amor, que é público mas privado por ser só nosso, não passa de mais um beijo e uma carícia no teu (sub)consciente. Acredito que esta fica bem guardada em ti, como as outras, e que nunca vais deixar de saber que este nosso publico-privado diário será a obra prima do nosso amor. Como sempre, hoje posso dizer que te amo. Amanhã será igual.
Teu,
Joaquim Salgueiro"
Há certamente muito tempo que penso em ti. Há certamente muita coisa que digo e com certeza tanta que fica por dizer. A verdade é que quando não há palavras, não deveríamos inventar e pensar que isso é melhor do que um silêncio apaixonado ou que um beijo necessário num momento de amor. Apesar de isto ser verdade, também o é que se não te escrevesse não saberias tão bem a importância que um amo-te pode ter, ou se calhar até saberias. Assim sabe-lo melhor. E não me arrependo de inventar palavras novas para tentar descrever um sentimento inexplicável, nem que passe a minha vida toda assim. Também temos a vida toda, não é assim? Mas não me importo de ir tentando, talvez um dia atinja o que ninguém atingiu antes de mim consiga descrever o indescritível. Posso afirmar com certezas que esta carta, este diário do nosso amor, que é público mas privado por ser só nosso, não passa de mais um beijo e uma carícia no teu (sub)consciente. Acredito que esta fica bem guardada em ti, como as outras, e que nunca vais deixar de saber que este nosso publico-privado diário será a obra prima do nosso amor. Como sempre, hoje posso dizer que te amo. Amanhã será igual.
Teu,
Joaquim Salgueiro"
Vontade.
Tudo muda o mundo
e no entanto não posso deixar de pensar,
tudo é tudo
e que outro poderia mudar
que língua seria esta sem o fumo
das guerras de há anos atrás
palavra viajada
entre terras de ideologias
diferentes e orgias de pensamentos
que pessoas
seriam as pessoas do planeta
se não houvesse o universo,
talvez nem houvessem pessoas
talvez nem houvesse mundo.
e portanto o meu tudo
que muda o mundo
é o raro astro
do outro lado do espaço
que me enfeitiçou com o gosto
das palavras
e acreditou
num miúdo com vontade de mudar
o tudo que gere o mundo.
A vontade não falta a este povo
(faltasse e seríamos outros)
o resto,
enquanto aguarda,
está sendo trabalhado
(trabalho inacabado de centenas de anos)
e , quem sabe um dia,
tudo esteja mudado.
(rezo eu a um Deus que não acredito
que esse dia seja amanhã)
Joaquim Salgueiro
e no entanto não posso deixar de pensar,
tudo é tudo
e que outro poderia mudar
que língua seria esta sem o fumo
das guerras de há anos atrás
palavra viajada
entre terras de ideologias
diferentes e orgias de pensamentos
que pessoas
seriam as pessoas do planeta
se não houvesse o universo,
talvez nem houvessem pessoas
talvez nem houvesse mundo.
e portanto o meu tudo
que muda o mundo
é o raro astro
do outro lado do espaço
que me enfeitiçou com o gosto
das palavras
e acreditou
num miúdo com vontade de mudar
o tudo que gere o mundo.
A vontade não falta a este povo
(faltasse e seríamos outros)
o resto,
enquanto aguarda,
está sendo trabalhado
(trabalho inacabado de centenas de anos)
e , quem sabe um dia,
tudo esteja mudado.
(rezo eu a um Deus que não acredito
que esse dia seja amanhã)
Joaquim Salgueiro
sábado, 11 de julho de 2009
eterna e única teoria
Depende de tudo o que queiramos
depende do azul do céu
dos teu olhos nos meus
e enquanto depender
sou escravo e irei ser
viverei entre paixões e pessoas
e suspirarei de amor
quem sabe não serei o próximo
a ser morto,
(entretanto outro morreu
desta já estou safo)
e penso de novo
subirei a vida de baixo a cima
sem falhas ou detalhes esquecidos
e cada lição aprendida
é página marcada,
nunca demais lida.
Aplico aqui a minha eterna e única teoria,
sou apenas um só ser
e como tal só eu tenho o meu poder
de mudar o mundo
(pelo menos o meu)
e chorar no teu ombro de menina
sou eu que me detenho
e por isso
garanto-te, entrego-me a ti.
Joaquim Salgueiro
depende do azul do céu
dos teu olhos nos meus
e enquanto depender
sou escravo e irei ser
viverei entre paixões e pessoas
e suspirarei de amor
quem sabe não serei o próximo
a ser morto,
(entretanto outro morreu
desta já estou safo)
e penso de novo
subirei a vida de baixo a cima
sem falhas ou detalhes esquecidos
e cada lição aprendida
é página marcada,
nunca demais lida.
Aplico aqui a minha eterna e única teoria,
sou apenas um só ser
e como tal só eu tenho o meu poder
de mudar o mundo
(pelo menos o meu)
e chorar no teu ombro de menina
sou eu que me detenho
e por isso
garanto-te, entrego-me a ti.
Joaquim Salgueiro
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Diário do nosso amor. (3ª folha)
"Meu Amor,
Hoje procurava na minha mente tudo o que ainda não encontrara. Inconclusivo, portanto, senti-me preenchido, fechado e fascinado, mais que tudo apaixonado e, por isso, completo. Deste-me um mundo e o vulgar continuou vulgar, apenas mudou a vida, abriu-me os olhos e a mente. Confesso-me nesta carta não porque seja teu eternamente, ou porque trepe infernos se necessário por ti, mas sim porque já me ouves como se fosses a pessoa mais importante e a que melhor me compreende. Falando verdade... és. E como poderias não ser se o medo de viver acabou e se o pavor de te perder não é claro, se respiro a felicidade e se sorrio só por demais ser amado. Certezas, só umas. Serás sempre a minha estrela no céu. Nem que seja a mais longinqua, desde que a consiga ver, tudo bem. (olha para lá e multiplica a distancia pelo maior número que te possas lembrar. O meu amor será sempre o dobro) Confesso a paixão e dependência que tu és e admito, drogas, só tu, e garanto, é da boa. Procurar o que não encontrei ainda... não vale a pena. Tudo o que houver tu mostrar-me-ás. O mais importante já conheço. O teu amor.
Teu,
Joaquim Salgueiro"
Hoje procurava na minha mente tudo o que ainda não encontrara. Inconclusivo, portanto, senti-me preenchido, fechado e fascinado, mais que tudo apaixonado e, por isso, completo. Deste-me um mundo e o vulgar continuou vulgar, apenas mudou a vida, abriu-me os olhos e a mente. Confesso-me nesta carta não porque seja teu eternamente, ou porque trepe infernos se necessário por ti, mas sim porque já me ouves como se fosses a pessoa mais importante e a que melhor me compreende. Falando verdade... és. E como poderias não ser se o medo de viver acabou e se o pavor de te perder não é claro, se respiro a felicidade e se sorrio só por demais ser amado. Certezas, só umas. Serás sempre a minha estrela no céu. Nem que seja a mais longinqua, desde que a consiga ver, tudo bem. (olha para lá e multiplica a distancia pelo maior número que te possas lembrar. O meu amor será sempre o dobro) Confesso a paixão e dependência que tu és e admito, drogas, só tu, e garanto, é da boa. Procurar o que não encontrei ainda... não vale a pena. Tudo o que houver tu mostrar-me-ás. O mais importante já conheço. O teu amor.
Teu,
Joaquim Salgueiro"
Uma parte do aparte
Passa horas a debater-se
entre a cerveja
o povo de portugal
ou uma garrafa de vinho partida
que estilhaçada
há-de cortar alguma jovem descalça
que foge do namorado em plena rua
gritando mais ao céu
do que às pessoas
"Ajuda!" - essa não vem dos céus, nem das pessoas,
ou são cegas ou são surdas
burras não podem,
o fiasco que vai em casa só
se deve ao necessário gasto
nas "desnecessariadades" da vida,
putas e comida
(por exemplo, se só ficássemos por aqui...)
e enquanto dos céus vem ajuda divina
nós rezamos, pedindo
que chova ouro em vez
daquilo a que chamo tinta
(de água já não tem nada)
e, se não acharem pedir demais,
que mate mais uns quantos,
com novas gripes
ou "tiróidites saltitantes agudas - tipo XPTO",
assim, sempre alguma comida sobrará.
Chega-se ao fim do debate e conclui-se
será nesta escuridão
que se ilumina Portugal?
Joaquim Salgueiro
entre a cerveja
o povo de portugal
ou uma garrafa de vinho partida
que estilhaçada
há-de cortar alguma jovem descalça
que foge do namorado em plena rua
gritando mais ao céu
do que às pessoas
"Ajuda!" - essa não vem dos céus, nem das pessoas,
ou são cegas ou são surdas
burras não podem,
o fiasco que vai em casa só
se deve ao necessário gasto
nas "desnecessariadades" da vida,
putas e comida
(por exemplo, se só ficássemos por aqui...)
e enquanto dos céus vem ajuda divina
nós rezamos, pedindo
que chova ouro em vez
daquilo a que chamo tinta
(de água já não tem nada)
e, se não acharem pedir demais,
que mate mais uns quantos,
com novas gripes
ou "tiróidites saltitantes agudas - tipo XPTO",
assim, sempre alguma comida sobrará.
Chega-se ao fim do debate e conclui-se
será nesta escuridão
que se ilumina Portugal?
Joaquim Salgueiro
domingo, 5 de julho de 2009
sentimento que pára no tempo.
Numa casa só
e abandonada pelo tempo
onde o vento não passa
onde o presente não pára,
refugio-me com poemas medíocres,
palavras sem nexo
e inspiração desconexa
sangue estático
e estática na televisão ligada ao fundo.
Nesta casa apenas
me vejo,
onde sozinho me encontro com a dor
e percebo o abandono
que uma palavra não dita deixa,
a falta
a solidão triste duma noite de verão
e as lágrimas que não derramo
no chão,
os cortes que na alma tenho
e o som de sofrimento no coração.
Choro ou não?
Decidirei amanhã.
Joaquim Salgueiro
e abandonada pelo tempo
onde o vento não passa
onde o presente não pára,
refugio-me com poemas medíocres,
palavras sem nexo
e inspiração desconexa
sangue estático
e estática na televisão ligada ao fundo.
Nesta casa apenas
me vejo,
onde sozinho me encontro com a dor
e percebo o abandono
que uma palavra não dita deixa,
a falta
a solidão triste duma noite de verão
e as lágrimas que não derramo
no chão,
os cortes que na alma tenho
e o som de sofrimento no coração.
Choro ou não?
Decidirei amanhã.
Joaquim Salgueiro
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