segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A solidão do vagabundo

A noite já vai a meio, e sem um copo
bebo o imaginário como se estivesse meio cheio,
falo com paredes e bonecos doutros tempos
como se o tempo viajasse noutros tempos.

É como se em vez de cérebro tivesse vento,
como se o mundo fosse cinzento.
Só um pouco mais além
e a máquina há-de parar.

É uma máquina sem sentido,
que desenha palavras no ouvido
e viaja entre reis e princesas, cortes com duquesas
e sons do rock'n'roll.

Esqueço-me do partido,
esqueço os ruídos e traço a minha solidão.
Uns dias branca, outros sem cor,
Uns dias bem vinda, outros de dor.

A noite continua a meio, e sem o copo,
só me imagino meio cheio...

Joaquim Salgueiro

sábado, 3 de setembro de 2011

Os erros do bandido

Chora, pequeno bandido,
chora porque na estrada tudo está perdido,
sem calor ou dissabor,
chora por chorar sem sentido.

Onde está a tua casa?
parou a meio da jornada,
coxa e com receio de chegar
ao fim da vida.

Chora, porque nunca soubeste
até agora o que passa um coração partido.
Sim, um coração roubado,
pequeno bandido...

Soube que ela não quis ir ter contigo,
mas sim comigo, paredes sujas e vidros partidos,
tal falta de atenção,
tão pouca convicção...

E agora choras sem sentido.
quando a tiveste, não quiseste e ficaste sem abrigo,
seu louco, insano, burro, triste
ignorante (e por fim) , pequeno bandido...

Joaquim Salgueiro