quarta-feira, 5 de maio de 2010

Demência do poeta frustrado

Tenho a minha alma em papel queimado.
Todos os riscos foram apagados
e os traços esquecidos,
a tinta que correu em branco
faleceu com o espelho das emoções
do poeta frustrado.

Tenho a minha vida inacabada.
Só resta a cinza dos rascunhos guardados,
só as caixas ainda fechadas
que a idade nunca abriu.

Tenho o que tiver não sendo nada,
só o cheiro do quarto escuro afumarado
que delicia o cérebro psicopata
do meu garoto fantasma. Olhos
no vazio e voz ruidosamente muda. Tenho
a minha mente
embora louca,
demente.

Joaquim Salgueiro

1 comentário:

Anónimo disse...

adoro :D
vê se dás notícias
mariana querido