domingo, 8 de agosto de 2010

atirei-o do prédio a baixo

atirei-o do prédio a baixo,
onde já cheirei mil vezes
a almofada que não tem cheiro,
e desembrulhei, sempre lento,
prendas que estão num quarto vazio,
sem luz, sem prendas, sem luz
e muito menos prendas...

atirei-o com força,
para não poder voar de volta,
ou passar pelas grades que
me impedem a mim de planar.
muita força, tanta que senti,
tão de repente, um baque mesmo entre mãos...

olho-te do prédio de um andar
que construí sozinho, em tempos,
há muito tempo atrás,
sem ajuda, por mim só,
estou tão sozinho... até a mim me meto dó,
sem um pequeno empurrão,
só eu te contruí, sim, falo
para ti prédio, só eu te vejo
na minha imaginação...

está no fim, por fim, chega ao final,
a rua que existe
mas existe mal
mostra-me o coração
no fundo da rua,
partido,
e sei que não o posso recuprar,
foi embora e não voltou a voar...
foi embora... foi...

Joaquim Salgueiro

1 comentário:

Vlinder disse...

Será certamente recuperado.