sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A erva

Algures no monte
existe a erva com a forma
do meu ser, deformada,
deprimida, bela e a morrer.
Algures no céu,
as nuvens páram só para ver
e criam trevas acomuladas
de sonhos empilhados, por uma erva
em forma de eu.
Algures no estábulo,
o animal lembra-se das nuves,
que de tanto parar ficaram escuras,
por uma erva que não teve coragem de comer.
Algures na cama, entre vales e lençois,
o homem estranha o olhar vago dos animais,
só porque uma erva nasceu em forma
disforme e o céu a admirou.
Algures na minha mente,
eu adormeço a pensar neste quadro
verde escuro, com focos baratos e pouco seguros,
choro sem fim, por uma forma que não devia haver.

Joaquim Salgueiro

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