quarta-feira, 3 de junho de 2009

quadro da mente.

o dia está morto
e o meu corpo torto
em sofá antigo alheio
e a alma
num canto despedaçada
entre estilhaços
mãos trémulas que lhe pegam
alma fraca descolada
uma vez deifeita
nunca mais reparada.
o dia está morto e parado
e os pássaros não cantam
o mundo parou
e a minha mente já não mente
as flores têm esta cor diferente
uma cor cor-de-nada
o ar cheira a vazio
e o mar continua sem sabor
o vento aquece o dia de verão
e a chuva não supera as minhas lágrimas
o chão está impregnado
de álcool
que tem o aspecto característico
de mais uma morte na estrada.

levanto a cabeça
e verifico
ou o tempo parou
ou a vida está toda igual.

Joaquim Salgueiro

1 comentário:

Tua, Inês . disse...

Não te ficas por aqui !
E esses pensamentos não ganharam forma. Não és só mais um, para mim és o melhor escritor que este mundo terá o prazer de ler e sentir a cada palavra tua. Tens esse dom!

Um dia vou ter o manuscrito, Diário do nosso amor bem junto a nossa Terceira Rosa .


Joaquim Salgueiro <3